A Igreja celebra hoje a memória de S. Margarida M.ª Alacoque, a confidente do Sagrado Coração de Jesus. Quando, em meados do século XVII, Nosso Senhor quis revelar-se privadamente a esta santa visitandina, Ele mostrou-lhe o seu adorável Coração chagado e amargurado pelas ofensas e ingratidões de que era alvo por parte dos homens. Sabemos, é verdade, que Deus é impassível e não pode, em sua natureza divina, sofrer absolutamente nada: em sentido estrito, os nossos pecados não o “ofendem” e “magoam” na acepção afetiva em que costumamos tomar essas palavras. Mas não deixa de ser verdade, por outro lado, que as nossas culpas representam, sim, uma transgressão da ordem moral que Ele nos impôs e, por isso, constituem uma terrível desonra, uma afronta à obediência que lhe devemos e uma ingratidão ao amor que Ele nos tem. Foi por isso que, assumindo em Cristo a natureza humana, o Filho de Deus quis deixar-se afetar e ferir de uma maneira muito física pelos nossos pecados: Ele não só assumiu em sua própria carne o peso dos nossos crimes, solvendo-os todos na cruz, mas quis também expressar, pela dor que esses mesmos pecados lhe causavam, a imensidão do seu amor para conosco. Porque, de fato, todos sabemos que uma das maiores provas que podemos ter do amor que alguém nos devota é a sua paciência em suportar qualquer contrariedade pelo nosso bem. E não há maior demonstração de caridade do que a vida tão sacrificada de Nosso Senhor: “innocens captus, nec repugnans ductus, testibus falsis pro impiis damnatus”, Ele, apesar de inocente, foi preso e torturado; sendo embora o Criador do mundo, deixou-se conduzir ao matadouro; conquanto fosse a Verdade, foi acusado por falsas testemunhas e, por fim, condenado à morte, para que cada um de nós, amado como como se fora a única alma da terra, recebesse a vida eterna. Ele, que tanto nos amou com um amor singularíssimo e tanto sofreu por todos e cada um dos nossos delitos, bem merece que o amemos de todo coração, arrependidos por termos ferido um Coração que tanto nos quer, e reparemos o quanto nos for possível as ofensas e ingratidões com que Ele ainda é atingido.
Na infância, Margarida teve uma vida bastante comum, sem acontecimentos especiais. O pai morreu quando ela ainda era muito jovem, razão por que foi morar com a mãe na casa de um tio. Como tiveram de mudar-se várias vezes e passaram necessidades, as duas sofreram várias humilhações. Depois de um tempo, ela
finalmente conseguiu realizar o desejo de entrar para as visitandinas.
Aos 26 anos, no dia da festa de São João Evangelista, quando estava recolhida diante do Santíssimo, Margarida recebeu a graça de uma manifestação visível de Jesus. É interessante notar que isso ocorreu no dia de São João Evangelista, o discípulo que reclinou a cabeça sobre o coração de Nosso Senhor na Última Ceia. Jesus deu a Santa Margarida Maria, monja de 26 anos, a graça de reclinar também a sua cabeça no seu Sagrado Coração. Assim começou uma série de manifestações de Jesus. Dois anos depois, em 1675, na Oitava de Corpus Christi, Jesus apareceu-lhe mostrando o Coração, semelhante à imagem conhecida por todos: Cristo com seu Coração exposto, do qual sai uma uma chama abrasadora de amor, mas também com um Coração coroado de espinhos, transpassado pela lança e encimado pela cruz. Ao mostrar seu Coração a Santa Margarida Maria, Nosso Senhor disse-lhe: “Eis o Coração que tem amado tanto aos homens, a ponto de nada poupar e até de exaurir-se e consumir-se para demonstrar-lhes o seu amor; e, em reconhecimento, não recebo senão ingratidão da maior parte deles”.
Portanto, quando olharmos para uma imagem do Sagrado Coração de Jesus, a primeira coisa que precisamos entender é que ela é uma tentativa de retratar em imagem a aparição de Jesus a Santa Margarida Maria. Ao apontar para seu Coração, Jesus está dizendo que precisamos prestar atenção em duas coisas: 1) o amor: “Eis o coração que tem amado tanto os seres humanos”; 2) e o sofrimento de seu Coração, que só recebe ingratidão e desprezo de nós. Essa é a principal mensagem do Sagrado Coração de Jesus: “O Amor não é amado”, como São Francisco de Assis repetia constantemente em lágrimas.
Embora Deus seja amor infinito, temos dificuldade de compreender que Ele nos ama. Por isso Ele se fez homem para, com uma alma humana, nos amar infinitamente. O Amor se fez carne e habitou entre nós; o Amor se fez humano para nos amar com um amor e um Coração humanos, isto é, para que o amor divino pudesse existir numa alma humana , e assim entendêssemos melhor o quanto Deus nos quer.
Aqui está a realidade da primeira mensagem do Sagrado Coração de Jesus: nós precisamos crer no amor infinito com que fomos amados. Com essa certeza de fé, nossa reação não pode mais ser de indiferença e ingratidão. Se somos indiferentes e ingratos, é porque não temos fé suficiente, ainda não acolhemos a primeira parte da mensagem.
Se vamos ao sacrário visitar Jesus no Santíssimo Sacramento e o fazemos com frieza e indiferença, como se estivéssemos diante de um objeto inanimado, como se o sacrário fosse um armário, não estamos tendo a fé necessária para saber que está ali uma Pessoa divina que, com vida também humana, ama a cada um de nós em labaredas de amor.
No Santíssimo Sacramento está Deus feito homem, vivo e amoroso, mostrando o seu Coração. Ele quer que, como São João, reclinemos nossa cabeça em seu peito para dizer: “Jesus, eu reconheço o vosso amor, eu quero amar-vos de volta”. Peçamos a Nosso Senhor que nos dê a graça de sermos curados de toda indiferença e ingratidão por meio de uma fé verdadeira, firme e inabalável, a fim de que brote dentro de nós uma prontidão, uma devoção para corresponder ao amor de Nosso Senhor Jesus Cristo.
— Que S. Margarida M.ª Alacoque interceda por nós e nos alcance a graça de sermos cada vez mais devotos do Sacratíssimo Coração de Jesus Cristo, saturado de opróbrios e sedento do amor daqueles que veio redimir.
Na infância, Margarida teve uma vida bastante comum, sem acontecimentos especiais. O pai morreu quando ela ainda era muito jovem, razão por que foi morar com a mãe na casa de um tio. Como tiveram de mudar-se várias vezes e passaram necessidades, as duas sofreram várias humilhações. Depois de um tempo, ela
finalmente conseguiu realizar o desejo de entrar para as visitandinas.
Aos 26 anos, no dia da festa de São João Evangelista, quando estava recolhida diante do Santíssimo, Margarida recebeu a graça de uma manifestação visível de Jesus. É interessante notar que isso ocorreu no dia de São João Evangelista, o discípulo que reclinou a cabeça sobre o coração de Nosso Senhor na Última Ceia. Jesus deu a Santa Margarida Maria, monja de 26 anos, a graça de reclinar também a sua cabeça no seu Sagrado Coração. Assim começou uma série de manifestações de Jesus. Dois anos depois, em 1675, na Oitava de Corpus Christi, Jesus apareceu-lhe mostrando o Coração, semelhante à imagem conhecida por todos: Cristo com seu Coração exposto, do qual sai uma uma chama abrasadora de amor, mas também com um Coração coroado de espinhos, transpassado pela lança e encimado pela cruz. Ao mostrar seu Coração a Santa Margarida Maria, Nosso Senhor disse-lhe: “Eis o Coração que tem amado tanto aos homens, a ponto de nada poupar e até de exaurir-se e consumir-se para demonstrar-lhes o seu amor; e, em reconhecimento, não recebo senão ingratidão da maior parte deles”.
Portanto, quando olharmos para uma imagem do Sagrado Coração de Jesus, a primeira coisa que precisamos entender é que ela é uma tentativa de retratar em imagem a aparição de Jesus a Santa Margarida Maria. Ao apontar para seu Coração, Jesus está dizendo que precisamos prestar atenção em duas coisas: 1) o amor: “Eis o coração que tem amado tanto os seres humanos”; 2) e o sofrimento de seu Coração, que só recebe ingratidão e desprezo de nós. Essa é a principal mensagem do Sagrado Coração de Jesus: “O Amor não é amado”, como São Francisco de Assis repetia constantemente em lágrimas.
Embora Deus seja amor infinito, temos dificuldade de compreender que Ele nos ama. Por isso Ele se fez homem para, com uma alma humana, nos amar infinitamente. O Amor se fez carne e habitou entre nós; o Amor se fez humano para nos amar com um amor e um Coração humanos, isto é, para que o amor divino pudesse existir numa alma humana , e assim entendêssemos melhor o quanto Deus nos quer.
Aqui está a realidade da primeira mensagem do Sagrado Coração de Jesus: nós precisamos crer no amor infinito com que fomos amados. Com essa certeza de fé, nossa reação não pode mais ser de indiferença e ingratidão. Se somos indiferentes e ingratos, é porque não temos fé suficiente, ainda não acolhemos a primeira parte da mensagem.
Se vamos ao sacrário visitar Jesus no Santíssimo Sacramento e o fazemos com frieza e indiferença, como se estivéssemos diante de um objeto inanimado, como se o sacrário fosse um armário, não estamos tendo a fé necessária para saber que está ali uma Pessoa divina que, com vida também humana, ama a cada um de nós em labaredas de amor.
No Santíssimo Sacramento está Deus feito homem, vivo e amoroso, mostrando o seu Coração. Ele quer que, como São João, reclinemos nossa cabeça em seu peito para dizer: “Jesus, eu reconheço o vosso amor, eu quero amar-vos de volta”. Peçamos a Nosso Senhor que nos dê a graça de sermos curados de toda indiferença e ingratidão por meio de uma fé verdadeira, firme e inabalável, a fim de que brote dentro de nós uma prontidão, uma devoção para corresponder ao amor de Nosso Senhor Jesus Cristo.
— Que S. Margarida M.ª Alacoque interceda por nós e nos alcance a graça de sermos cada vez mais devotos do Sacratíssimo Coração de Jesus Cristo, saturado de opróbrios e sedento do amor daqueles que veio redimir.
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