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Santa Teresa D'Avila

 


O livro de Provérbios ensina que “o temor do Senhor é o princípio da sabedoria” (9, 10). Nas fileiras de nossas igrejas, contudo, essa virtude tão necessária para o crescimento espiritual parece não ter lugar. É forçoso reconhecer, mas hoje boa parte dos católicos vive como se não temesse a Deus, e tampouco se preocupa com isso. Talvez por esse motivo valesse a pena uma meditação mais minuciosa sobre a conversão de Santa Teresa d’Ávila, que se emendou e entrou no caminho de perfeição justamente pelo temor de Deus e da condenação eterna.
Teresa nasceu de pais católicos, em 1515. Criada no meio de doze irmãos homens, ela acabou incorporando traços bem viris ao seu comportamento, algo que se manifestou depois no seu pulso firme para liderar a reforma do Carmelo. Desde muito cedo, os pais a educaram na religião, de modo que ela e o irmão Rodrigo costumavam entreter-se pensando na imensidão do Céu. Certa feita, os dois resolveram partir em missão para combater os mouros e, possivelmente, se tornar mártires. O plano acabou frustrado pelo tio, que os encontrou a meio caminho. Mas isso não os impediu de continuar a sonhar com Cristo: eles queriam um jeito fácil de entrar no Céu e, então, brincavam de ser monges e fundar mosteiros e eremitérios. O que começou como uma brincadeira acabaria tornando-se realidade anos depois.
Teresa perdeu a mãe quando tinha 13 anos. Movida pela maternidade da Virgem Maria, consagrou-se totalmente aos cuidados da Mãe de Deus, em cuja intercessão encontrou consolo para a sua perda. Contudo, havia na sua casa algumas criadas um pouco vaidosas; nada gravemente imoral, felizmente, mas elas a distraíam com conversas de amor. O pai de Teresa logo percebeu o risco que a alma da filha corria naquele ambiente e providenciou-lhe um lugar mais adequado para convivência e formação. Teresa foi, enfim, morar num convento das irmãs agostinianas. Na companhia dessas irmãs, especialmente de uma cuja idade era a mesma da sua mãe, a pequena começou a tratar de vocação e a fazer suas primeiras orações vocais.
A influência das irmãs agostinianas foi importante para o aperfeiçoamento de Teresa. Mas foi a estadia na casa de seu tio Pedro, durante um período de enfermidade, que a fez compreender a necessidade da oração. O tio a presenteou com vários livros espirituais. Nesse período, ela, que contava 17 anos, teve alguns pensamentos sobre a eternidade, chegando à seguinte conclusão:
Fiquei poucos dias na casa desse meu tio. A força da Palavra de Deus tanto lida quanto ouvida, a boa companhia que me fizeram compreender a verdade que entendera quando menina, a inutilidade de tudo que há no mundo, a vaidade existente no mundo, a rapidez com que tudo passa... passei a pensar e a temer que talvez fosse para o Inferno caso morresse naquele momento (Livro da Vida, III, 5).
Teresa começou assim a planejar sua entrada no mosteiro, porque entendia ser aquela a maneira mais apropriada para entrar no Céu e livrar-se do Purgatório. Apesar da resistência do pai, ela fugiu e, num dia 2 de novembro, celebração dos fiéis defuntos, entrou para o convento, pedindo a intercessão das almas do Purgatório. Teresa queria pagar as suas penas aqui na terra.
Essa reflexão de Santa Teresa mostra-nos duas verdades: i) o Inferno é uma imensa caridade de Deus para conosco, pois nos adverte contra o afastamento de Deus, que nos ama e deseja nossa salvação; e ii) precisamos ouvir pregações sobre o Inferno para sermos incentivados a mudar de comportamento. Teresa iniciou sua conversão por um temor servil de desagradar a Deus e terminar no Inferno. A partir disso, ela foi crescendo no amor e desenvolvendo um temor filial, isto é, o medo de ofender a Deus Pai. Por conseguinte, buscou forças na meditação dos sofrimentos de Cristo, imitando a oração do Horto das Oliveiras para receber indulgências. Em 1560, ela teve uma visão do lugar do Inferno aonde iria caso não tivesse se convertido, e sofreu um pouco das penas daquele lugar de dor. A visão convenceu-a finalmente da misericórdia de Deus na cruz para salvá-la. Além disso, Teresa passou a ter ainda mais compaixão dos pecadores, dos luteranos, e decidiu entregar sua vida para salvar ao menos um alma. Ela entendia que os sofrimentos deste mundo não eram nada perto dos sofrimentos do Inferno.
O que é esse Inferno que Santa Teresa viu? Trata-se mais ou menos de um fogo na alma, com dores corporais insuportáveis… um sofrimento terrível. O fato é que essa visão a mudou definitivamente, pois ela entendeu que Deus não pode ser simplesmente indiferente às nossas rebeldias e atrocidades. Se assim fosse, Ele não seria um verdadeiro Deus de amor. Afinal, as consequências de nossos pecados se revelaram na Paixão de Cristo, que morreu para nos salvar. Agora é nossa obrigação arrependermo-nos de nossos erros.
Infelizmente, existem almas obstinadas, absolutamente fechadas ao perdão. A pessoa que morre nesse estado de pecado mortal nutre um ódio contra Deus dentro dela. Assim, quando a alma se separa do corpo, ela contempla esse ódio e se volta contra o Senhor. No Inferno não há arrependimento, apenas blasfêmias e ódio. As almas condenadas não querem o perdão de Deus, mas desejam apenas odiá-lo profundamente. E esse é o grande tormento delas, porque odeiam a própria fonte de seu ser. Tal atitude já é perceptível em algumas pessoas aqui na terra, pessoas que se movem a partir de uma raiva existencial por si mesmas e pelos outros. No fundo de seus corações, há uma revolta contra Deus, como se Ele fosse um estorvo. Trata-se de uma tendência demoníaca.
Tudo isso demonstra a necessidade da pregação sobre o Inferno para os principiantes no caminho da perfeição. Não é possível progredir sem abraçar essas verdades. Para o jovem rico, Jesus ensinou primeiramente o temor de Deus para preveni-lo contra a perdição eterna. Até a humanidade de Jesus teme a Deus. Peçamos, pois, ao Espírito Santo que nos ensine o santo temor de Deus para darmos passos verdadeiramente largos na santidade.



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